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Ilhas Selvagens-Madeira-Portugal

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As Ilhas Selvagens são um pequeno arquipélago português pertencente à Região Autónoma da Madeira.

Situam-se a 165 quilómetros a norte da arquipélago espanhol das Canárias, a 250 quilómetros ao sul da cidade do Funchal (Madeira), a cerca de 250 quilómetros a oeste da costa africana, a cerca de 1000 quilómetros a sudoeste do continente europeu. As Selvagens são constituídas por duas ilhas principais e várias ilhotas, que, tal como quase todas as ilhas da Macaronésia, têm origem vulcânica. O arquipélago é um santuário para aves, é muito agreste e tem uma área total de 273 hectares.

As Selvagens dependem administrativamente do concelho do Funchal; actualmente têm apenas dois habitantes permanentes na Selvagem Grande e dois semi-permanentes na
Selvagem Pequena, guardas do Parque Natural da Madeira, sendo também visitada periodicamente por pessoal da Armada Portuguesa ao serviço da Direcção-Geral de Faróis. Para além disso, a Selvagem Grande é habitada várias vezes por ano pela Família Zino, do Funchal, que lá possui uma casa.

O estado espanhol tem insistido em que a delimitação da Zona Económica Exclusiva (200 milhas náuticas) se faça ignorando as Selvagens ao considerá-las como ilhéus, tendo por várias vezes violado o espaço aéreo das mesmas com aeronaves militares, enquanto que o estado português insiste na sua classificação como ilhas, ampliando a ZEE portuguesa.

Apesar de serem remotas e isoladas, as ilhas já receberam visitas oficiais de dois p
residentes da República Portuguesa, Mário Soares e Jorge Sampaio, actos de soberania que visaram reforçar a identidade e solidariedade nacionais e evidenciar o seu estatuto como reserva natural nacional. A Reserva Natural das Ilhas Selvagens (que integra o Parque Natural da Madeira) foi criada em 1971, sendo uma das mais antigas reservas naturais de Portugal.

O arquipélago

O arquipélago consiste em dois grupos. O grupo nordeste compreende a "Ilha Selvagem Grande" e duas pequenas ilhotas, "Palheiro da Terra" e "Palheiro do Mar". O grupo sudeste compreende a "Ilha Selvagem Pequena" e o "Ilhéu de Fora" entre numerosos ilhéus mais pequenos que incluem o "Alto", o "Comprido", o "Redondo" e o pequeno grupo dos "Ilhéus do Norte". Uma extensa barreira de recifes circundam o arquipélago e torna-se difícil ancorar nas costas das ilhas.

As ilhas Selvagem Grande e a Selvagem Pequena distam 15 quilómetros uma da outra. Existem dois países mais pequenos em área que as Selvagens: o Vaticano (44 hectares) e Mónaco (195 hectares).

Temperatura e ambiente

As temperaturas das Ilhas Selvagens excedem as da Ilha da Madeira e a temperatura do mar permanece confortável durante todo o ano. Jacques-Yves Cousteau uma vez disse que encontrou as águas mais limpas do mundo ali. Em 2003 as ilhas foram seleccionadas para s
erem candidatas nacionais para Património Mundial da UNESCO. O seu acesso é restrito, devendo os candidatos a seus visitantes requerer previamente uma autorização especial passada pelo Parque Natural da Madeira.

Na Selvagem Grande existe a chamada Casa do Governo, a electricidade provém de painéis solares e a água das chuvas é guardada em grandes cisternas, permitindo enfrentar secas que podem durar três anos.

História

As Ilhas Selvagens foram assim baptizadas em 1438 por Diogo Gomes de Sintra e terão sido descobertas pelos irmãos Pizzigani em 1364. No século XVI, as Selvagens pertenciam aos Caiados, importante família madeirense, sendo doadas a João Cabral de Noronha em 1560 pelo cónego Manuel Ferreira, descendente dos Caiados.

Em 1904, as ilhas foram vendidas à família do banqueiro Rocha Machado. Em Setembro de 1911, o governo espanhol enviou uma nota ao governo português comunicando que deliberara incorporar as Selvagens no arquipélago das Canárias e que ia montar nas ilhas um farol. A administração portuguesa protestou e foi acordado não praticar
quaisquer actos que pudessem comprometer uma solução amigável da questão. Em 1938 a Comissão Permanente de Direito Marítimo Internacional confirmou a soberania portuguesa das ilhas que, em 1959, despertaram o interesse da WorldWildLife (WWF) levando-a a assinar um contrato de promessa de compra com o herdeiro Luís Rocha Machado.

Em 1971, o Estado português interveio e adquiriu as Ilhas Selvagens, instituindo-a nesse mesmo ano a Reserva Natural das Ilhas Selvagens. No ano seguinte foram apree
ndidas, nas ilhas, duas embarcações de pesca espanhola, "San Pedro de Abona" e "Áries". Em 1975, aproveitando a turbulência política em Portugal, espanhóis das Canárias desembarcaram na Selvagem Grande e hastearam a bandeira espanhola. No ano seguinte, foi apreendida a embarcação espanhola "Ecce Homo Divino" e, dois anos depois, foram apresados, também por pesca ilegal, outros barcos de frota espanhola. Em 1996, um helicóptero Puma AS-330 da Força Aérea Espanhola aterrou na Selvagem Grande, cometendo assim uma dupla infracção: violou o espaço aéreo português e também sobrevoou, a menos de 200 metros, uma reserva natural. No ano seguinte, voos rasantes de aviões militares espanhóis tiveram como consequência a chamada do embaixador espanhol Raúl Morodo ao Ministério dos Negócios Estrangeiros português. Em 2005, um vigilante e um biólogo da reserva natural das ilhas Selvagens foram mesmo ameaçados e perseguidos por pescadores furtivos espanhóis.

As Cagarras

Cagarra é a designação comum dada às aves procelariformes do género Calonectris. Os seus parentes mais próximos, dentro da família Procellariidae são as pardelas.

As cagarras são aves marinhas de corpo fusiforme e asas longas. A sua plumagem é escura (cinzenta ou acastanhada) no dorso e branca na zona da barriga.

As cagarras são aves migratórias de longa distância, que passam a maior parte da vida voando sobre os oceanos de águas temperadas a frias. O seu único contacto com terra é na época de reprodução, quando se reunem em ilhas e áreas costeiras para nidificar em zonas rochosas.

O ninho é construído como uma espécie de toca e visitado pelos progenitores apenas durante a noite. Cada postura é composta por um único ovo.

A alimentação das cagarras é feita à base de peixes e cefalópodes.

Nos arquipélados portugueses (Madeira e Açores) encontram-se a maior concentração mundial de cagarras, espécie que se encontra em regressão a nível mundial devido à vulnerabilidade que apresenta e à presença de predadores terrestres e à actividade humana. Por esse facto foi necessário proceder por via da lei à protecção desta ave marinha com leis nacionais e internacionais, que impedem a sua captura, detenção ou abate, assim como a destruição ou danificação do seu habitat.

Trata-se da ave marinha mais abundante nos Açores, região a que regressa todos os anos em Março para acasalar e nidificar.

Todos os anos as cagarras regressam à mesma ilha e ao mesmo ninho onde se reproduziram pela primeira vez. O parceiro é sempre o mesmo todos os anos e os rituais de reconhecimento e acasalamento são complexos. As crias nascem em Maio e em Outubro abandonam os ninhos rumo ao mar. Só regressam para se reproduzir passados 5 anos.

A cagarra alimenta-se, muitas vezes, em simultâneo com tunídeos ou golfinhos, já que estas espécies fazem com que os animais de que se alimentam, nomeadamente peixe, lulas e Crustáceos, se aproximem da superfície.

Trata-se de uma ave adaptada à vida em alto mar e que pode viver até 40 anos.

Origem: Wikipédia

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